Thursday, May 31, 2007

coffee 15 c






Weegee

let's go -

Let's go - much as that dog goes,
intently haphazard. The
Mexican light on a day that
'smells like autumn in Connecticut'
makes iris ripples on his
black gleaming fur -
and that too is as one
would desire - a radiance
...

William C. Williams

Monday, May 28, 2007

Ao som do vinil

“Não acredito que te perdi”
cochichou perdendo a faixa
da música que deveria colocar
para as pessoas não escutarem
o que gritava tentando cochichar
ao ouvido da garota que se despedia
e que pensou escutar
“não acredito que te perdi”
mas não pediu para ele repetir
pois já tinha ouvido o ruído da faixa
terminando e ele afastando-se
para posicionar a agulha em qualquer
outro círculo e assim ninguém
reparar na garota que ali permanecia
na tentativa de ir embora.

Valeska de Aguirre

Poema antigo

De noite atravessando o lago a nado o momento
Que te põe em causa Já não há outro
Finalmente a verdade Que tu mais não és que uma citação
De um livro que não escreveste
Podes escrever uma vida para negar isto na tua
Fita de máquina descorada O texto lê-se à transparência


heiner müller, roubado do blog Robert Míssil.

Sunday, May 27, 2007

A single Screw of Flesh

A single Screw of Flesh
Is all that pins the Soul
That stands for Deity, to Mine,
Upon my side the Veil —

Once witnessed of the Gauze —
Its name is put away
As far from mine, as if no plight
Had printed yesterday,

In tender — solemn Alphabet,
My eyes just turned to see,
When it was smuggled by my sight
Into Eternity —

More Hands — to hold — These are but Two —
One more new-mailed Nerve
Just granted, for the Peril's sake —
Some striding — Giant — Love —

So greater than the Gods can show,
They slink before the Clay,
That not for all their Heaven can boast
Will let its Keepsake — go

Emily Dickinson

Sunday, May 20, 2007

Ilustres desconhecidas


cartaz: Roberta de Freitas

Da belga Amélie Nothomb à japonesa Banana Yoshimoto, passando pelas
americanas Laurie Anderson e Carson McCullers, pela austríaca Veza Canetti e pelas brasileiras Valeska de Aguirre, Marília Garcia e Fernanda Branco, as Leituras na Dantes Livraria (Cine Odeon, Praça Floriano, 7, Cinelândia – Centro) voltam nesta terça-feira (22), a partir das 20h. Roberta de Freitas, organizadora da leitura neste mês, explica:

"Escritores têm que ser bons, não importa o gênero. Juntá-las por serem mulheres é só um artifício, tão válido quanto juntar um grupo por sua nacionalidade ou por uma língua. Existem raízes comuns, mas o que cresce de cada uma pode ser tão distinto quanto uma palmeira e um carvalho. Nesse caso, acrescentamos um segundo artifício: aquelas escritoras que você carrega contigo, compra livros, procura saber novidades, sobre quem você consegue dividir impressões com muito poucas pessoas. E se pergunta: por que diabos ninguém mais as conhece?".

Como leitoras, Ana Carolina Cunha Lima, Diana Coll, Akemi Ono, Elisa Sesana, Anna Paula Martins, Roberta de Freitas e, como convidada, a escritora Valeska de Aguirre.

Cassiano Viana

http://cassianoviana.multiply.com

http://banzaibanzobanzo.blogspot.com/

http://pocketcat.blogspot.com/

Thursday, May 17, 2007

sonnet 116

Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments. Love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove.
O no, it is an ever-fixed mark
That looks on tempests and is never shaken;
It is the star to every wand'ring bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come;
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.

William Shakespeare

Saturday, May 12, 2007

A long—long Sleep—A famous—Sleep—
That makes no show for Morn—
By Stretch of Limb—or stir of Lid—
An independent One—

Was ever idleness like This?
Upon a Bank of Stone
To bask the Centuries away—
Nor once look up—for Noon?

Emily Dickinson

Wednesday, May 09, 2007

Jardim de Mariana

Mal vê o tronco tombado
telhas e talos partidos
parasitas sem teto, ao léu.
Tudo não tem sua hora de queda?
O próprio céu não sofre fraturas?
Toda paz, a rigor, não é trégua?
Por isso parte ao encontro
das nespereiras molhadas
pelo temporal da véspera:
estão grávidas de mel
polpas lâmpadas acessas
nos galhos, asas e música.
Serena vai ruma à festa
sem o pesadelo da dúvida
sem o atropelo da pena.
Vendavais só lhe tocam a pele.

Astrid Cabral