Thursday, August 31, 2006

XVI

Teresa apareceu como essas chuvas
que nascem com a aurora e o dia todo
em tristezas afogam nossas almas,
e retornei-me à velha e nova música.

Uma nova planície e azuis lembranças
pousando-me no ombro. As esperanças
que buscavam um ninho em mim o acharam.
No sangue fez-se em pássaro a serpente.

Mas quem sou eu? Nos céus da minha infância
novamente me banho, e ainda ontem
eram lagos boiando na memória.

O mesmo corpo, as mesmas mãos conservo,
mas, como o orvalho, brotam de manhãs,
colhem meu canto em leves paisagens.

Afonso Félix de Souza