Wednesday, May 09, 2007

Jardim de Mariana

Mal vê o tronco tombado
telhas e talos partidos
parasitas sem teto, ao léu.
Tudo não tem sua hora de queda?
O próprio céu não sofre fraturas?
Toda paz, a rigor, não é trégua?
Por isso parte ao encontro
das nespereiras molhadas
pelo temporal da véspera:
estão grávidas de mel
polpas lâmpadas acessas
nos galhos, asas e música.
Serena vai ruma à festa
sem o pesadelo da dúvida
sem o atropelo da pena.
Vendavais só lhe tocam a pele.

Astrid Cabral

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